quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A Era das Catástrofes - Parte I

Quando comecei a escrever neste blog, tinha a intenção de escrever um post intitulado "A Era das Catástrofes". Não levava muito a sério minhas intuições, mas como a realidade se encarregou de demonstrar que as previsões estavam certas, então resolvi criar este post.

Não vou listar todas as previsões aqui. Pouco a pouco, pretendo postar as previsões formuladas a partir das informações sobre os acontecimentos mais importantes no mundo. Não se trata de uma profecia; trata-se de um simples exercício lógico com o objetivo de antecipar possíveis acontecimentos futuros com base no que acontece no presente. A acurácia da previsão depende da qualidade e abrangência da informação, assim como da "articulação" correta e pertinente dos fatos; ao expor os fatos e raciocínios, fica ao julgamento do leitor a qualidade da previsão.

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No início da eclosão da guerra na Sìria, a maioria dos analistas brasileiros dava como certa a queda do regime de Bashar Al-Assad em pouco tempo. Erraram feio.

Hoje temos mais informação e sabemos que este conflito opõe os interesses das duas grandes potencias mundiais, EUA e Rússia. Como estas potencias alimentaram com armas os grupos em conflito, o balanço de forças ficou equilibrado e a guerra perdurou.

Não sabemos ao certo para que grupos contrários ao regime oficial os EUA forneceram armas. Há evidências de que muitas armas dos EUA foram parar nas mãos do Daesh. As informações que nos chegam dizem que os terroristas incorporaram os arsenais do exército iraquiano depois que esse abandonou os seus postos no centro do Iraque. Teriam os EUA alimentado diretamente o Daesh para enfraquecer o Bashar Al-Assad?

Há três anos atrás o Daesh ainda não estava entre as principais facções que lutavam contra o governo. A frente islâmica, a frente Al-Nusra e o Exército Livre da Síria eram as principais facções, além dos curdos, que reivindicam um país próprio. O conflito entre essas forças enfraqueceu terrivelmente o país, que se tornou vulnerável aos assaltos da mais atroz de todas elas: o Daesh.

O interesse dos EUA parecem estar alinhados com o dos países islâmicos produtores do petróleo, que desejam ter controle sobre uma importante rota de escoamento de petróleo para a Europa. Da mesma forma, a Rússia, aliada com o Irã, e com a China, têm muitos interesses vitais vinculados à manutenção da influência sobre a Síria.

Não fossem os ataques em Paris, tudo indica que os EUA permaneceriam na sua política de corpo mole com relação ao Daesh, evitando sua eliminação com o objetivo de enfraquecer mais o regime de Bashar Al-Assad. A Rússia, por outro lado, parecia estar realmente determinada em eliminá-lo, para dar sobrevida ao regime.

Agora, as potências com interesses conflitantes se unem para combater o Daesh. A pergunta óbvia que se segue é: se derrotado o Daesh, como se resolverá o conflito, tendo em vista as outras facções em luta?

Este ponto é crucial. Se as potências decidirem intervir com tropas em solo, poderemos estar diante do estopim de uma terceira guerra mundial. Há o risco de que tropas de potencias com interesses conflitantes entrem em guerra na Síria.

Uma saída menos dramática seria um acordo diplomático capaz de agradar todas as partes. No entanto, seria possível criar um novo estado curdo sem incomodar violentamente os turcos, sírios e iraquianos?

Essa é uma guerra que demorará muito para se resolver. Há grande chance de evolução para uma guerra mundial, de grandes proporções. Quando as partes litigantes não estão dispostas a ceder, a guerra só acaba quando restar apenas uma vencedora, depois de muito sangue derramado.