segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Estridentes e Histriônicos

"Uma união formal entre pessoas do mesmo sexo será o que for, mas jamais será um matrimônio, e desde os valores cristãos sempre será imoral (Cardeal Rivera)".
Essa verdade é irrefutável dentro da definição do matrimônio como união entre um homem e uma mulher. Isso não é apenas uma convenção social, mas também a única definição que se adapta à realidade biológica.
Há muitos que querem mudar essa definição e perpetuar essa adulteração às novas gerações, destruindo qualquer pessoa e instituição que se oponha. No fundo, no fundo, muitos se sentem profundamente incomodados que os outros não vejam a sua união homossexual como algo normal, como um matrimônio. Pensam que quando isso for aceito socialmente, então ficarão satisfeitos, e se sentirão bem consigo mesmos. Ledo engano... A raiz do descontentamento dos homossexuais é outra. Seu descontentamento vem simplesmente da sua dificuldade de conciliar a sua sexualidade com a sua natureza biológica. Enquanto isso não for reconhecido, continuaremos vendo um montão de homossexuais com complexo de rejeição, colocando a culpa em meio mundo, mas sem pistas a respeito da verdadeira origem de seu desconforto.

sábado, 17 de novembro de 2012

Espírito Esportivo

Na postagem Coração das Trevas conclui o texto propondo um paradoxo. Um paradoxo é sempre uma contradição aparente e em geral a solução dela não é trivial. Trata-se de um paradoxo existencial, que há bastante tempo me tem consumido horas de reflexão. Meu objetivo agora é mostrar aquela que é, por enquanto, a solução mais satisfatória que encontrei.

Formulei o paradoxo com as seguintes palavras:

Se, por um lado, a disputa é evitada, não há conquista, e o indivíduo se frustra, pois não alcança o seu desejo, e ainda é visto como covarde pelos outros. Se, por outro lado, entra na disputa, pode ferir e destruir, deixando atrás de si um rastro de destruição, ou ser aniquilado.

 A primeira frase é verdadeira sempre que um indivíduo foge da disputa em todos as ocasiões. É alguém que sempre se deixa dominar pelo medo. Acaba passando a impressão de que não há nada pelo que vale à pena lutar e passa a ser visto pelos outros como um sujeito bonzinho, manso e inofensivo. E é bem verdade que esse indivíduo vai acabar frustrado, muitas vezes assumindo a fama de bonzinho, acreditando que nisso há alguma virtude.

A realidade mostra que toda luta é um empreendimento em que se coloca algo de si em risco. Mas nem toda luta precisa deixar um rastro de destruição. Observei que o homem aprendeu a humanizar a disputa. Gosto da definição de homem, cuja autoria é atribuída a Raimundo Lúlio, de acordo com a qual o homem é aquele que humaniza. E o modo como o homem humanizou a disputa foi através do espírito esportivo ou, simplesmente, do esporte.

Quando alguém diz que é necessário ter espírito esportivo, entende-se bem o que se quer dizer. Significa que não há mal algum em entrar na disputa para vencer, contanto que não se utilize da trapaça e de práticas desleais para garantir a vitória. Significa que não há mal em comemorar a vitória com emoção e alegria, contanto que não se humilhe o derrotado. Significa também que não há mal em sentir a angústia da derrota, contanto que isso não acabe por degenerar em desejo de vingança ou depressão.

Entenda-se que o espírito esportivo não se aplica apenas ao âmbito estritamente esportivo. Na realidade, o esporte é um espaço simbólico que serve como "sala de aula" para a aprendizagem e ensino de um comportamento que humaniza as disputas reais da vida. Não é um jargão vazio dizer que o esporte é um meio eficaz para "tirar a juventude" das drogas e da criminalidade. Também não é ingenuidade afirmar que os jogos olímpicos tem uma função fundamental de pacificação entre as nações.

As realidades humanas, como o esporte, estão sempre dotadas de uma densidade enorme, mas quase imperceptível, de significado antropológico. O que os mais intelectualizados (e chatos, talvez) dentre os homens tentam fazer é colocar em evidência esse significado. Mas entre os "intelectuais" há duas posturas. A primeira é a do racionalista, que se acredita capaz de esgotar em seu sistema lógico todo o significado das realidades humanas, trivializando-as. Esse acaba colocando-se acima dos outros "reles mortais" inconscientes das verdadeiras motivações por trás das suas ações. A segunda é a do verdadeiro filósofo, que  se admira do ser humano, e percebe a riqueza inesgotável contida nas diversas manifestações de humanidade.  Em vez de ver o outro - em especial os antepassados - com desprezo, entende que a sabedoria que o passado transmite é muito maior do que a sua.         








       

domingo, 4 de novembro de 2012

A frustração do amor

Todo ser humano tem uma necessidade primordial do amor incondicional, esperando-o e buscando-o sem cessar. Sendo uma necessidade latente, ainda que mais intensa e abrangente que todas as outras, de alguma forma abarcando-as todas, impulsiona o homem a uma busca incessante capaz de suscitar todo o seu potencial de criação e destruição.

A primeira experiência de amor incondicional acontece na família, quando aqueles que se responsabilizam pela criança respondem positivamente ao dever de amá-la. A frustração do amor nesse momento da vida de um ser humano tem um efeito devastador na alma, conduzindo-a a uma amargura e revolta que convertem o seu potencial de criação em energia apta à destruição de si e do mundo a sua volta. De todas as faltas de responsabilidade dos pais, a mais ímpia e cruel é o aborto. Aquela criança, a quem os pais teriam a responsabilidade de prover a primeira experiência de amor, tem a vida tolhida por ser considerada indesejada. Um ser humano abortado sofre duas tristes experiências de desamor: ser indesejado e destruído.

Essa primeira experiência do amor incondicional é imperfeita, pois, à rigor, esse amor não pode ser incondicional. Há um limite para o amor que um ser humano pode oferecer ao outro. A criança percebe que participa de uma comunhão de amor na qual não só ela necessita de atenção, mas também todos de sua família. Nesse processo, entende que nem sempre terá sua carência satisfeita, ao mesmo tempo que, se bem educada, perceberá que ela pode dar amor a quem tem carência dele.

O término dessa primeira experiência é a abertura da alma para uma nova experiência de amor, ainda movida por aquela necessidade primordial. Tendo recebido a primeira experiência de ser querido por si mesmo, percebe o potencial que existe dentro de si para amar o outro e reconhece em si a dignidade de quem pode ser amado. Deseja a entrega de si, ao mesmo tempo que espera a entrega incondicional do outro, para que possa dar-se sem reservas. Essa segunda experiência se concretiza no matrimônio entre um homem e uma mulher.            

Nesse processo, a possibilidade de frustrações é tão grande quanto a de conseqüências imprevisíveis e violentas. Todas elas se resumem em poucas palavras: a experiência de ter o amor rejeitado pelo outro. Dessa experiência não escapam nem mesmo aqueles que se casaram com o seu primeiro enamorado, pois, com o passar do tempo, revelam-se claramente as imperfeições da criatura amada, e a rejeição mútua põe à mostra a fragilidade daquele amor.

A frustração do amor acontece com todos os seres humanos e como consequência todos padecem de um sofrimento interior nas raízes mais profundas da alma. Uma das saídas para esse sofrimento é a revolta, que  se concretiza nas mais diversas formas de auto-destruição. Todo pecado é um exemplo dessa forma de auto-destruição que tem como origem essa frustração. Mas há outra saída para o sofrimento. Não é uma saída que leva à sua supressão, mas a uma compreensão vital do seu sentido. A alma entende a sua imperfeição e sua carência e reconhece em Deus a única fonte que pode saciá-la.