sábado, 28 de julho de 2012

Não tenhais medo: lutar contra o aborto


Recentemente tive acesso a um documento que explica extensivamente o histórico das entidades empenhadas em promover o aborto no Brasil e suas redes de financiamento. Recomendo esse documento a todos os que se posicionam corajosamente a favor da vida, pois contém todas as informações que comprovam inequivocamente que o governo brasileiro está empenhado em legalizar o aborto. Esse documento foi preparado pelo pe. Paulo Ricardo, que tem se exposto corajosamente na linha de frente das batalhas a favor da vida.

O endereço que envio a seguir direcionará para a página que contém um áudio do próprio pe Paulo Ricardo com uma explicação mais sucinta do plano do governo de burlar sorrateiramente a legislação brasileira e, ao final da página, um link para o documento a que me referi:
     
http://padrepauloricardo.org/episodios/governo-dilma-prepara-se-para-implantar-aborto-no-brasil

Tenho dois breves comentários para fazer sobre o assunto. Em primeiro lugar, espanta-me dolorosamente perceber tão claramente como os grupos promotores do aborto sabem utilizar as palavras para encobrir vergonhosamente as suas verdadeiras intenções. Outro mecanismo devastador é a sua capacidade de distorcer a linguagem de modo a conseguir acusar os seus adversários dos crimes que eles mesmos cometem. Um exemplo dessa linguagem retorcida é a seguinte frase da Norma Técnica do Atendimento Humanizado ao Aborto Provocado publicado pelo governo Lula em 2005:

"A atenção humanizada às mulheres em abortamento pressupõe o respeito ao direito da mulher de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Em todo caso de abortamento, a mulher deve ser respeitada na sua liberdade, dignidade, autonomia e autoridade moral e ética para decidir, afastando-se preconceitos, estereótipos e discriminações de qualquer natureza, e evitando-se que aspectos sociais, culturais, religiosos, morais ou outros interfiram na relação com a mulher. Esta prática não é fácil, uma vez que muitos cursos de graduação e formação em serviço não têm propiciado dissociação entre os valores individuais (morais, éticos, religiosos) e a prática
profissional".

É bem verdade que a mulher tem mesmo o direito de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Mas isso engloba tantas realidades, que questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida poderiam ser, em concreto, a decisão de se suicidar ou de cometer um homicídio. Por isso, todo o direito está acompanhado de um dever. Todos temos o direito de decidir sobre questões relacionadas ao nosso corpo e à nossa vida, mas com o dever de respeitar a justiça devida a nós e aos outros. Assim como é uma falta de justiça infinita para com o próximo praticar um homicídio, o suicídio é do mesmo modo uma falta de justiça contra si mesmo (também infinita). Portanto, além de pressupor o direito de decidir, deve-se também pressupor o dever e a responsabilidade da decisão.

Não vou entrar no mérito da questão de o feto ser ou não um ser humano dotado de direitos. Mas se há dúvida sobre tal questão, então há também a possibilidade de o feto ser realmente um ser humano, e, nesse caso, o aborto é um homicídio, por definição. Veja que no documento não há nenhuma discussão sobre isso. Todo e qualquer questionamento é simplesmente taxado de preconceitos, estereótipos e discriminações de qualquer natureza. Veja que essa linguagem tira o foco daquilo que está realmente em jogo e abafa autoritariamente toda possibilidade legítima de dissensão, pois a qualifica já de antemão como uma discriminação.

Pede-se que " aspectos sociais, culturais, religiosos, morais ou outros interfiram na relação com a mulher". Essa é uma falácia que salta aos olhos a qualquer ser humano inteligente. É absolutamente impossível, em qualquer caso, que na sua relação com outro ser humano não intervenham concomitantemente aspectos sociais, culturais, religiosos, morais. A linguagem e as atitudes de um ser humano estão sempre, sem exceção, dotadas de  aspectos sociais, culturais, religiosos, morais. É absolutamente impossível destituir o ser humano desses aspectos na relação com o outro. O que se pode fazer, isso sim, e é isso o que o documento realmente pretende, é adulterar a verdadeira fisionomia social, cultural, religiosa e moral dos profissionais de saúde a fim de adequá-la às verdadeiras intenções do discurso: induzir o profissional de saúde a antepor uma legítima objeção de consciência. É verdade que o documento em questão está tratando de recomendações para a abordagem de uma paciente no pós-aborto, mas nada pode impedir o médico de alertá-la para a injustiça do ato cometido, e até repreende-la, se ele está convencido de que se trata de uma grave falta de justiça. Por outro lado, seria de fato uma injustiça da parte do médico negar-se a socorrer alguém em estado grave em decorrência de um pós aborto.        

Esse tipo de recurso linguístico é altamente sorrateiro, na medida em que pretende aniquilar convicções induzindo aquele que aceita o discurso de que a coisa mais ética a ser feita é negar as suas próprias convicções sem se dar conta de que, na verdade, as está negando.

De todas as frases que li nesse texto, a que mais me chamou à atenção foi a última, pois deixa bem claro que uma das intenções do discurso é promover "a dissociação entre os valores individuais (morais, éticos, religiosos) e a prática
profissional". Essa intenção é de uma monstruosidade alarmante. O primeiro exemplo que me veio à imaginação de um profissional desse tipo foi o de um oficial alemão, instruído em uma educação cristã, à frente de um campo de concentração.  E depois, em sua vida privada, gentil com a esposa e zeloso na educação dos filhos. Sim, esse é um exemplo bem claro de alguém que dissociou  os seus valores individuais da prática profissional. E pode ter certeza, quem faz isso, se não acaba se corrompendo, acaba enlouquecendo.


Por último, gostaria de citar uma frase que está no Evangelho, tendo sido pronunciada por Cristo e utilizada pelo papa João Paulo II no momento em que se manifestou pela primeira vez como papa. "Não tenhais medo". A principal estratégia dos homens mal intencionados é utilizar o medo para intimidar. Fazem ameaças, a fim de calar a boca dos que apontam claramente as suas injustiças para que recebam a punição que merecem. Mas não podemos ter medo, pois, na verdade, não há motivo para temer. Para isso é necessário ter a convicção de que, ainda que possam até tirar as nossas vidas, jamais vão nos fazer escravos da mentira, da injustiça e cúmplices das suas iniquidades. É preferível ser livre até a morte, se necessário, do que escravos da mentira.              




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