domingo, 9 de dezembro de 2012

A Esterilidade Ambientalista

Está presente no discurso de muitas ideologias, ainda que de maneira implícita, um sentimento de desconforto com o tamanho da população humana. Por trás de um discurso aparentemente legítimo baseado na preocupação com a escassez de recursos e danos ao meio ambiente, reside na realidade um núcleo interno de motivações totalmente egoístas e muitas vezes misantrópicas.

O discurso ambientalista atual incluiu entre as suas premissas a noção de que o ser humano é apenas mais um animal da terra. Se foi capaz de se impor como a espécie dominante no planeta terra, cuja população nenhuma força da natureza é capaz de controlar, então seria justo da parte da própria humanidade controlar a sua população em solidariedade ao ecossistema colocado em risco por esse crescimento.

Esse tipo de pensamento gera um sentimento de desconforto na sociedade e também no indivíduo, que é levado a imaginar-se culpado por essa suposta destruição da natureza. Levado ao extremo, esse raciocínio ambientalista reduz a sociedade humana a uma praga fora do controle que deve ser parcialmente eliminada. Lembra-me a postura do Mr Smith no filme Matrix, ao descrever a humanidade com desprezo, comparando-a a uma infecção viral sobre a terra.

Põe-se em evidência então essa nota perigosamente misantrópica implícita no discurso ambientalista. O mais paradoxal é o fato dessa mentalidade ser mais comum entre pessoas mais jovens. De fato, até algumas décadas atrás, boa parte da população ainda teve uma experiência real da natureza e sabe como ela muitas vezes é extremamente hostil ao esforço humano pela sua subsistência e dos seus parentes. Totalmente distanciados desse dura realidade graças ao avançado grau de desenvolvimento técnico da sociedade atual, a maioria dos jovens desconhece completamente a dureza da relação dos seus antepassados com a natureza. Seduzidos por uma visão pueril e nostálgica das belezas naturais do planeta terra, que lhes parece estar sendo privadas pelo mundo moderno, que as destrói e despreza, aderem de maneira irrefletida às premissas da ideologia ambientalista.

Se por um lado é legitima essa preocupação com a qualidade do meio ambiente em que vivemos, às vezes escapa à ideologia ambientalista que, na realidade, o centro dessa preocupação é o próprio ser humano. Nenhuma outra criatura do planeta terra está "preocupada" com o meio ambiente. Ao preocupar-se com o meio ambiente, o indivíduo está interessado na sua qualidade de vida e dos seus iguais. Nenhum indivíduo pode esquecer de ponderar que a sua própria existência é uma pré-condição para o interesse pela conservação do meio ambiente. E também que a sua existência é um fator de pressão sobre a natureza, não apenas a dos que estão para nascer.

Portanto, propor a limitação da existência humana, através do controle populacional, como solução ao problema ambiental é um contra-senso. No fundo, significa dizer que, para que os vivos tenham uma qualidade de vida superior, então que se limite a oportunidade de novas vidas humanas virem à luz. Em outras palavras, seria como dizer: "queremos que nossos filhos tenham um mundo melhor e para isso é necessário não deixar alguns deles nascerem". A pergunta crucial é essa: será que o melhor é que, para que alguns possam viver em um mundo "preservado", muitos que poderiam vir à existência nunca tenham a chance de nascer?

Na realidade, trata-se de uma questão de generosidade. A natureza nos diz claramente que não gosta de limitações, e nos demonstra isso até a exaustão através de incontável quantidade de entidades produzidas em seu seio (quem não se admira da inimaginável quantidade de galáxias e estrelas presentes no universo?). A natureza é uma abundância de generosidade que, no fundo, incomoda os corações mesquinhos. Quem realmente ama o ser humano e é alguém a quem realmente se pode classificar como humanista, bem sabe que a preservação do meio ambiente não é um pretexto válido para a limitação da população humana.



               


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